terça-feira, 8 de dezembro de 2015

Leitura de Imagem: uma dinâmica entre apreensão e fazer artístico no ensino infantil

Este trabalho refere-se à proposta de leitura de imagens artísticas do subprojeto PIBID/Belas Artes que está sendo realizada na Escola Estadual Municipalizada Professora Creuza de Paula Bastos, situada no bairro INCRA, do município de Seropédica, localizado no estado do Rio de Janeiro. Nessa escola que atende a educação infantil e o primeiro segmento do ensino fundamental foram realizadas atividades práticas e teóricas com o 3º, 4º e 5º anos, uma vez por semana, nas aulas de arte, durante o primeiro e segundo semestre de 2015. O objetivo inicial foi criar uma proximidade dos alunos com as imagens artísticas e com o espaço do museu, para, a partir de então, contribuir na reflexão crítica das imagens que foram apresentadas aos alunos, objetivando com isto procurar estratégias que possam evitar a formação de consumidores de imagens pouco reflexivos; assim como pesquisar e avaliar em que medida, realmente, a apreensão de imagens artísticas pode contribuir para o desenvolvimento sensível dos alunos.

 No trabalho desenvolvido na citada escola, optamos pela metodologia da pesquisa-ação proposta por Thiollent (2005) e pela Abordagem Triângular sistematizada pela pesquisadora Ana Mae Barbosa. Consideramos que o fato de se apropriar da linguagem artística, contribui para que o aluno desenvolva sua própria leitura do mundo, ampliando seu repertório e sua vivência cultural. Optamos assim, por enfatizar o processo de produção dos alunos como estratégia que melhor propiciará a vivência e a apreensão sensível das imagens artísticas.














No desenvolvimento das atividades na escola, constatamos que a experiência de visita ao museu, que ocorreu no final do primeiro semestre, seria a primeira da grande maioria dos alunos. Diante disso, planejou-se promover uma aproximação entre os alunos e um ambiente cultural ao quais tais alunos não tinham familiaridade, ou seja, o ambiente artístico-museal. Com essa intenção, fizemos, inicialmente, na própria escola, uma simulação do ambiente museal, que consistiu em uma galeria no corredor do colégio, constituído por imagens impressas. Nesse corredor, em que as três turmas têm acesso constante, colocamos as impressões de algumas pinturas que estão expostas na galeria do século XIX do Museu Nacional de Belas Artes, na intenção de gerar nos alunos, um processo de familiarização, incentivando por meio do convívio, uma intimidade com as obras. Consideramos também essa ação uma forma didática de instruir-lhes na especificidade do ambiente, para que fosse propiciada uma atitude e um tipo de predisposição que pudesse, de melhor forma, incorporar a recepção das imagens por parte dos alunos, tal como concentração e introspecção, objetivando gerar uma atenção especificas às imagens. As imagens selecionadas para estar nessa galeria-escola foram: “Batalha do Avaí”, 1868, de Pedro Américo, “Batalha dos Guararapes”, 1879, de Victor Meireles, “Primeira Missa no Brasil”, 1860, de Victor Meireles, “Mamão e Melancia”, 1860, de Agostinho José da Mota, “A Redenção de Cam”, 1895, de Modesto Brocos. Algumas destas obras têm relação com o cotidiano dos alunos e a identidade regional onde eles vivem, uma vez que retratam ambientes rurais. Dessa forma, o critério pra escolha da maioria das referências, foi pensado de forma a evidenciar, através da temática e figuração das pinturas, possíveis similaridades com seu cotidiano, marcado pelo contexto rural de seu município.



























Em sala de aula realizamos uma atividade prática de desenho, na qual foi proposto que eles desenhassem a obra que mais chamou a atenção, e explicassem com suas próprias palavras o que se passava nas cenas representadas nas obras. Com relação a esta parte do trabalho, os desenhos nos ajudaram a perceber um pouco da relação dos alunos com as imagens apresentadas, assim como as primeiras formulações estabelecidas pelo impacto visual com as obras. Neste sentido, os desenhos são discursos visuais que imprimem sensações e sentimentos dos alunos.

Foi feito uma atividade teórica, onde contextualizamos historicamente cada obra que foi analisada. A proposta desta atividade era fazer com que os alunos identificassem as obras a partir da contextualização das imagens relacionando-as aos autores. 

Ainda na primeira parte do projeto, executamos a visita técnica ao Museu Nacional de Belas Artes/ RJ, na galeria do século XIX, onde eles puderam ver de perto as dimensões, relações cromáticas, composição e a própria relação de espaço museal e o patrimônio cultural exposto, que a imagem impressa não permite ver.


Após a visita técnica, registramos dos alunos quais foram as novas observações sobre as obras. Como resultado desse processo de trabalho obtivemos os desenhos feitos pelos alunos da escola, a partir das obras apresentadas, bem como um relatório de observação a respeito da recepção das obras pelos mesmos, com suas falas e questionamentos. Todo o projeto foi pensado para desenvolver a percepção e capacidade de análise do aluno, relacionando com seu contexto social. Tendo em vista que as imagens vinculadas ao cotidiano destes alunos sejam repercutidas, em sua maioria, pela televisão, internet ou outros meios de comunicação de maior difusão, concernente à experimentação artística, para que ele possa compreender e discernir aquilo que observa, não basta só o estudo em sala de aula, sendo preciso ir a museus, espaços e eventos culturais, aprendendo e percebendo através da vivência direta, para que possa absorver e apreender aquilo lhe for apresentado. Um dos objetivos esperados com a ida ao museu foi ampliar o imaginário através da vivência e despertar o olhar para novas possibilidades. Observamos que o contato dos alunos com as obras lhes causaram uma mistura de euforia e curiosidade. Nesse momento, surgiram questões como a figura do índio, técnica das obras, as imagens sacras, e um tema que foi trabalhado em sala de aula, e exposto na galeria-escola, que foi a questão do nu. Conduzimos os alunos até as obras que foram trabalhadas em sala, obras que remetem a fatos históricos, como “Redenção de Cam”, que trata da questão étnica racial, e a “Primeira Missa”, que retrata a missão jesuíta e as Batalhas. Podemos observar que, de certo modo, obtemos respostas diferenciadas quando solicitamos para que os alunos falem verbalmente das imagens e quando solicitamos que desenhem sobre as mesmas. Ao retornarmos à escola passamos um questionário com o objetivo de verificar as possíveis transformações na percepção dos alunos causadas pelo espaço museal e pelo contato com os originais. Realizamos com eles outros trabalhos práticos como pintura, onde os alunos puderam fazer suas próprias tintas, isogravura que é uma técnica que ao invés de utilizar madeira usamos bandeja de isopor e modelagem em argila. E ao final do segundo semestre de 2015 será realizada uma exposição com os trabalhos dos alunos.

 Acreditamos que a leitura da imagem artística contribui para uma apreensão mais aprofundada sobre as imagens no mundo, uma vez que predispõe o potencial de pensar as imagens para além de seu sentido mais aparente. 

segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Animação e Stopmotion: Do imaginário ao real

O presente trabalho é parte integrante das ações do PIBID – Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – Belas Artes da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). As aulas são por Marcelo Buzon e Patrícia Vieira, administrada na Escola Estadual Municipalizada Professora Creuza de Paula Bastos, nas turmas de 1º ano e 2º ano, no período da tarde.
O objetivo do trabalho é o incentivo da criação do imaginativo de uma história que será transformada em uma animação parte stopmotion, um vídeo final contendo os dois. Haverá o desenvolvimento dos personagens e elementos do cenário a serem criados a partir da metodologia de geometrização da forma, no intuito de simplifica-la aos alunos para o melhor entendimento das formas dos objetos, pessoas, animais etc.
 Primeiramente, será mostrado aos alunos uma série de curtas de animações e stopmotions para a compreensão e exemplificação de como funciona o processo. Nessa parte, é incentivada a construção das imagens, de cada etapa que será desenvolvida durante o processo do vídeo. Iremos mostrar aos alunos a parte inicial: a criação de uma história, que será o pilar para a construção das próximas etapas: criação de personagens e cenário. Todas essas etapas deixamos os alunos escolherem de forma coletiva (a turma toda, incluímos professores- de forma menor) a história a ser usada, cada elemento, de forma que assim tivessem uma troca de gostos e ideias entre si. Escolhemos partir com o principio de que cada aula seria usada para a escolha de um personagem, e assim construí-lo coletivamente. Criamos também dinâmicas de grupo na criação dos elementos do cenário para com que interagissem entre si, onde seria usado uma folha de papel grande, onde todos os alunos divididos em grupo iriam desenhar e pintar, assim desconstruindo a individualidade na construção da história.


BELAS ARTES/UFRRJ

BELAS ARTES/UFRRJ